domingo, 25 de setembro de 2016

Como falar de literatura em um lugar onde já existe uma linguagem inserida ?

Como falar de literatura em um lugar onde já existe uma linguagem inserida ?
Como manter um foco na literatura?
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Como manter um foco para falar de literatura? Como falar de literatura onde símbolos de comportamentos já estão inseridos? Como abrir espaço para a imaginação, onde tudo está engessado? Os corpos, as atitudes e os pensamentos. O espaço com quatro paredes e apenas uma porta para sair ou entrar. Um destino de olhar predeterminado, pela disposição das cadeiras. A sala de aula, a caverna de Platão, onde sombras são projetadas nas paredes. Como incentivar a escrita em local hermético, com sombras nas paredes projetando um imaginário que acontece do lado de fora? Do lado de fora a realidade já é expandida.


Símbolos que determinam uma condição e um comportamento ao adentrar em uma sala. Cadeiras individuais posicionadas em fileira, com espaços entre elas, para o movimento de apenas uma pessoa. As posições e os caminhos já estão determinados para o público que ali naquele espaço entre. O posicionamento de todas as pessoas, determinando uma posição e um olhar, em uma única direção. Olhar para quem pode olhar todos ao mesmo tempo, e circular entre as cadeiras Os controle remotos estão como posse de apenas uma pessoa, com comando e controles das imagens e dos sons que possam ecoar na sala. Temperatura e iluminação nas mãos de apenas um. Os sentidos que trazem informações e provocam imaginações, que proporcionam uma organoléptica, estão sob o comando e controle de outros.


E quando o público é maior que a capacidade da sala? A temperatura se altera, enquanto odores diversos exalam, quem detém o controle remoto, perde o controle da situação. A temperatura se eleva, e a formação inicial das cadeiras se desfaz, à medida que outras cadeiras são necessárias. Os espaços destinados a circulação vão se estagnado criando uma estatização, dos que já estavam sentados.Todos se encontram presos e engessados. Apenas aqueles que todos olham, possuem algum movimento. Um movimento que pode ser usado como disfarce para sair da sala e respirar um ar não viciado, com a desculpa de atender um telefonema ou fazer necessidades fisiológicas. E uma necessidade fisiológica é básica, controlar a temperatura e a respiração corporal, que influenciam nos batimentos cardíacos. E por um pequeno vidro na porta pode ver quem se aproxima, ou controlar os que estão do lado de dentro, enquanto está lá fora.


A água, símbolo da vida, é oferecida aos participantes da mesa, aos que tem um poder: da fala, do argumento e da água cristalina, a ser servida em taças, taças que lembram um reinado. A presença da água com argumento da ciência, de umidificar e lubrificar a cordas vocais; controlar a temperatura e a respiração daqueles que falam. E é comum um cartaz na porta dirigido a plateia, aos que vieram para assistir as falas “Proibida a entradas de lanches e líquidos.”

Roberto Cardoso (Maracajá)#BLOGdoMaracajá.jpg


Em 25/09/2016
Nas terras do Paquiderme Norte-rio-grandense



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Um comentário:

  1. (sic)
    Parabéns Roberto Cardoso,

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